segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Narrador Esportivo - Uma profissão em risco de extinção

 
Nilton Nogueira                                       Foto: Antonio Pitta
                                                                                                    


Antonio Pitta

Futebol e  rádio. Essas duas paixões do brasileiro se misturam há décadas e existe uma figura fundamental nesta ligação: o narrador esportivo. Esse profissional que leva até o público ouvinte toda a emoção de uma partida de futebol, está (pelo menos na Bahia) entrando em processo de extinção. Sim, “extinção”.

Os narradores esportivos que fizeram nome no rádio da Bahia, estão aposentados ou em fase da aposentadoria e novos talentos não estão aparecendo para a substituição natural. Mas qual a causa do desinteresse da nova geração de radialista nesta arte de transmitir lance à lance as alegrias do futebol? Nilton Nogueira, um dos mais experientes e famosos narradores esportivos da Bahia, está na profissão há 54 anos e aponta algumas razões para o fenômeno.

Para Nogueira, o rádio-esportivo perdeu muito espaço a partir do momento em os jogos passaram a ser transmitidos pela TV, entretanto, provavelmente o grande vilão do que se pode chamar de decadência do rádio-esportivo seja o arrendamento de horário em emissoras. “Antes, o rádio-esportivo da Bahia era muito bom, emissoras como Rádio Sociedade, Rádio Excelsior da Bahia, Rádio Cultura da Bahia e Rádio Cruzeiro mantinham equipes esportivas  competitivas e o radialista era valorizado. Era comum a disputa dos veículos pelo profissional que se destacava, e este, tinha não só o reconhecimento como radialista, mas também vantagens financeiras na troca de uma emissora para a outra” afirma Nogueira.

O narrador esportivo comenta que a figura do arrendatário de horário é nociva à profissão porque praticamente tornou o oficio em algo amador. Segundo Nogueira, a partir desse momento, os testes vocacionais comuns em emissoras foram praticamente extintos. Ou seja, desde que o candidato tenha vontade de exercer a profissão, esteja disposto a trabalhar gratuitamente e disponha de patrocínio está credenciado a atuar no rádio-esportivo. “ Você quer fazer rádio, quer ser um repórter esportivo agora? Basta chegar a um arrendatário e apresentar uma verba de patrocínio de R$1.500 reais e ele lhe entrega um microfone na hora. Avacalharam o rádio-esportivo da Bahia” denuncia Nogueira.

O radialista observa que essa prática, até onde sabe, é muito comum apenas na Bahia. Em outras praças existe a figura do arrendatário, mas o que prevalece é o talento do profissional. Nogueira dá como exemplo o repórter Wilton Matos. “Wilton, que hoje trabalha aqui na Rádio Sociedade e na Itapoan FM, antes fazia parte do quadro da Rádio Excelsior e não foi aproveitado de forma alguma, segundo o próprio Wilton, porque não tinha patrocínio. Enfim, mesmo com qualidade técnica, o rapaz não teve oportunidade na Excelsior e hoje atua em duas emissoras” revela Nogueira.

Para Nilton Nogueira, embora existam o narrador esportivo já nasce com o dom e que não existe curso que possa formar esse tipo de profissional. Na opinião do radialista não existe curso para tal função no rádio e mesmo que houvesse, não teria condições de ensinar.

Quando perguntado sobre a possibilidade desta profissão desaparecer, Nogueira concorda de que os profissionais que estão em atividade como, Jota Freitas, Ivanildo Fontes, Tony Silva, Silvio Mendes, Ranieri Alves, Mario Freitas, José Antonio Melo, Djalma Costalino, Expedito Magrine, Jota Jota, Nilton Batista, Nilton Batista, Jota Carlos e Paulo Silva, Reinan  Peralva,  Evander Jessan são na sua grande maioria veteranos. De todos os citados apenas Jota Carlos,  Paulo Silva, Reinan Peralva e Evander Jessan representam a renovação. Mesmo com essa realidade, o narrador acredita que seja possível uma melhoria neste quadro.

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