Nilton Nogueira Foto: Antonio Pitta |
Antonio Pitta
Futebol e rádio. Essas duas paixões do brasileiro se
misturam há décadas e existe uma figura fundamental nesta ligação: o narrador
esportivo. Esse profissional que leva até o público ouvinte toda a emoção de
uma partida de futebol, está (pelo menos na Bahia) entrando em processo de
extinção. Sim, “extinção”.
Os narradores esportivos que
fizeram nome no rádio da Bahia, estão aposentados ou em fase da aposentadoria e
novos talentos não estão aparecendo para a substituição natural. Mas qual a
causa do desinteresse da nova geração de radialista nesta arte de transmitir
lance à lance as alegrias do futebol? Nilton Nogueira, um dos mais experientes
e famosos narradores esportivos da Bahia, está na profissão há 54 anos e aponta
algumas razões para o fenômeno.
Para Nogueira, o rádio-esportivo
perdeu muito espaço a partir do momento em os jogos passaram a ser transmitidos
pela TV, entretanto, provavelmente o grande vilão do que se pode chamar de
decadência do rádio-esportivo seja o arrendamento de horário em emissoras.
“Antes, o rádio-esportivo da Bahia era muito bom, emissoras como Rádio
Sociedade, Rádio Excelsior da Bahia, Rádio Cultura da Bahia e Rádio Cruzeiro
mantinham equipes esportivas
competitivas e o radialista era valorizado. Era comum a disputa dos
veículos pelo profissional que se destacava, e este, tinha não só o
reconhecimento como radialista, mas também vantagens financeiras na troca de
uma emissora para a outra” afirma Nogueira.
O narrador esportivo comenta que
a figura do arrendatário de horário é nociva à profissão porque praticamente
tornou o oficio em algo amador. Segundo Nogueira, a partir desse momento, os
testes vocacionais comuns em emissoras foram praticamente extintos. Ou seja,
desde que o candidato tenha vontade de exercer a profissão, esteja disposto a
trabalhar gratuitamente e disponha de patrocínio está credenciado a atuar no
rádio-esportivo. “ Você quer fazer rádio, quer ser um repórter esportivo agora?
Basta chegar a um arrendatário e apresentar uma verba de patrocínio de R$1.500
reais e ele lhe entrega um microfone na hora. Avacalharam o rádio-esportivo da
Bahia” denuncia Nogueira.
O radialista observa que essa
prática, até onde sabe, é muito comum apenas na Bahia. Em outras praças existe
a figura do arrendatário, mas o que prevalece é o talento do profissional.
Nogueira dá como exemplo o repórter Wilton Matos. “Wilton, que hoje trabalha
aqui na Rádio Sociedade e na Itapoan FM, antes fazia parte do quadro da Rádio
Excelsior e não foi aproveitado de forma alguma, segundo o próprio Wilton,
porque não tinha patrocínio. Enfim, mesmo com qualidade técnica, o rapaz não
teve oportunidade na Excelsior e hoje atua em duas emissoras” revela Nogueira.
Para Nilton Nogueira, embora
existam o narrador esportivo já nasce com o dom e que não existe curso que
possa formar esse tipo de profissional. Na opinião do radialista não existe
curso para tal função no rádio e mesmo que houvesse, não teria condições de
ensinar.
Quando perguntado sobre a possibilidade
desta profissão desaparecer, Nogueira concorda de que os profissionais que
estão em atividade como, Jota Freitas, Ivanildo Fontes, Tony Silva, Silvio
Mendes, Ranieri Alves, Mario Freitas, José Antonio Melo, Djalma Costalino,
Expedito Magrine, Jota Jota, Nilton Batista, Nilton Batista, Jota Carlos e
Paulo Silva, Reinan Peralva, Evander Jessan são na sua grande maioria
veteranos. De todos os citados apenas Jota Carlos, Paulo Silva, Reinan Peralva e Evander Jessan
representam a renovação. Mesmo com essa realidade, o narrador acredita que seja
possível uma melhoria neste quadro.
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